Circense, teatral e
contemporâneo. Não há melhor definição para a minissérie Capitu, dirigida por
Luíz Fernando Carvalho. Baseada em uma das maiores obras da literatura
brasileira, Dom Casmurro, de Machado de Assis, os 5 episódios retratam a
história do livro usando elementos tanto antigos quanto novos e abusando do
drama próprio do teatro, dando um toque especial a cada capítulo que se passa.
Fizera-se, nesse caso, uso de duas ideias de Machado, que afirmavam que “a
realidade é boa, mas o realismo não serve para nada” e “uma ópera bufa com
alguns entremeios de música séria”.
"Bentinho e Capitu são criados juntos e se apaixonam na adolescência. Mas a mãe dele, por força de uma promessa, decide enviá-lo ao seminário para que se torne padre. Lá o garoto conhece Escobar, de quem fica amigo íntimo. Algum tempo depois, tanto um como outro deixam a vida eclesiástica e se casam. Escobar com Sancha, e Bentinho com Capitu. Os dois casais vivem tranquilamente até a morte de Escobar, quando Bentinho começa a desconfiar da fidelidade de sua esposa e percebe a assombrosa semelhança do filho Ezequiel com o ex-companheiro de seminário." (Fonte: Livraria Cultura)
Os personagens são apresentados
de forma direta, utilizando-se na maioria das vezes cenas curtas para tal,
porém profundas. Além disso, ao longo da trama o desenvolvimento de cada um,
principalmente de Bentinho, Capitu e Escobar, é bastante notório, de modo que
não se perdeu uma das principais características de Machado de Assis: a ausência
de personagens planas em suas obras. O texto original manteve-se, mas o
conjunto de elementos na minissérie facilitam a compreensão e tornam os
episódios gostosos de se assistir, e não maçantes como muitos pensariam que é,
o que é um ponto importante: mesmo quem não gosta pela literatura clássica
consegue se interessar – e digo isso porque vi pessoalmente uma sala inteira
assistindo e reagindo aos episódios.
Além de figurinos à moda antiga,
cenários completamente criativos e personagens envolventes, a minissérie conta
com uma trilha sonora que engloba samba, rock, clássico e músicas de artistas
nacionais e internacionais, novamente remetendo ao universalismo de Machado. A
principal é o tema de Bentinho e Capitu, a música Elephant Gun da banda de Novo México, Beirut. Eu recomendo completamente (afinal, anos antes de eu
assistir Capitu, essa música já era minha favorita – e tenho quase certeza que
continua sendo)
Em suma, Capitu é uma das
melhores adaptações de livros que já vi, e todo seu aspecto artístico faz com
que os capítulos passem como danças em nossa frente. Ela te envolve, te
emociona e até mesmo pode chegar a te inspirar, tamanha é a criatividade que se
encontra em cada episódio. É uma boa dose de cultura e diversidade, até porque,
além de reconhecermos a cultura estrangeira, é importante reconhecermos a nossa
própria.
E se tiverem interesse, os episódios podem ser encontrados aqui! (o 1 e o 2 estão disponíveis só para download)!
E se tiverem interesse, os episódios podem ser encontrados aqui! (o 1 e o 2 estão disponíveis só para download)!